segunda-feira, 2 de abril de 2012

Acidentes ou traquinagens?


Sempre vemos, lemos ou ouvimos na mídia de modo geral notícias sobre acidentes graves em todos os segmentos de mercado, desde a prestação de serviços até a indústria, tanto no setor privado como no setor público. Em que parte do processo está a origem desses acidentes?

Em minha opinião a raiz dos erros não está em uma única fonte, mas na conjunção de vários fatores infelizes que se encontram ocasionalmente. Vamos considerar cada um desses fatores e, na sequência, imaginá-los confluindo em um único momento.

É bem provável que quase a totalidade das pessoas nasça, desenvolva ou adquira alguma micro lesão cerebral ao longo de sua vida. Esse minúsculo e eventual dano orgânico no cérebro, embora não afete a vida cotidiana, tem o poder de interferir na atenção, percepção e pensamento comprometendo a capacidade profilática de qualquer um, tornando-o mais frágil e também mais propenso ao erro.

Outro fator é a negligência da própria pessoa e de boa parte das instituições de Ensino com a formação técnico acadêmica, comprometendo a transformação do leigo curioso em perito profissional. Quando não é o próprio sujeito tentando burlar suas notas para passar de ano ou dando um jeitinho para “comprar” um certificado, de outra forma também é a própria escola dando um jeitinho para “vender” diplomas. Esse é o fator técnico na formação do profissional!

Tão importante quanto os fatores citados, existe também a imperícia e a negligência das empresas na seleção e no treinamento de seus colaboradores. As avaliações são inócuas no sentido de identificar os mais peritos e mais capazes para as vagas disponíveis. O mercado de trabalho vive uma espécie de “apagão” e na falta de mão de obra qualificada o jeito é contratar qualquer um que precise trabalhar, mesmo que não tenha qualquer compromisso com a tarefa que vai desenvolver. Esse é o fator operacional!

Tem uma série de outros fatores igualmente graves, mas quando pelo menos esses três se juntam em um mesmo evento e em um mesmo tempo, então vemos, lemos ou ouvimos na mídia notícias de que “professora de educação infantil faz alunos tirarem a roupa em sala de aula”; “adolescente morre ao cair de uma cadeira com defeito há dez anos”; “vazamento de óleo em petroleiro compromete dezenas de quilômetros no oceano”; “navio de cruzeiro tomba na costa”; “palanque desaba e fere várias pessoas em show”; “prédio desmorona sobre moradores”; “Leite famoso com alto teor de água sanitária” etc.

Outros eventos menos espetaculares acontecem a todo instante por todo o mundo, sempre causando prejuízos materiais, morais, temporais e financeiros a consumidores, clientes, empresários e ao erário público, mas parece que a bem vinda política da tolerância exacerba sua aplicação e extrapola os limites da inclusão social, contemplando indevida e igualmente os imperitos, os negligentes e os imprudentes, como se a falta seletiva de juízo e de responsabilidade também fosse algum tipo de transtorno global do desenvolvimento.

Na verdade, o sujeito comete erros crassos para satisfazer sua perversidade inconsciente e não como consequência de permanente incapacidade orgânica ou funcional que comprometa sua operacionalidade, ou seja, está mais para traquinagem do que para uma necessidade especial legítima.

Os recrutadores de todos os setores precisam revolucionar a forma como avaliam, contratam e capacitam seus alunos, colaboradores e executivos. Se assim fizerem, é muito bem provável que muitas falhas e prejuízos de toda ordem poderiam ser amenizados e até evitados.

Evite acidentes ou traquinagens tomando postura mais criteriosa e profissional em suas seleções.

 Prof. Chafic Jbeili - www.unicead.com.br

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